sexta-feira, 2 de março de 2012

Vício Frenético

Eita fissura danada!
Procuro em meus esconderijos tradicionais...
Reviro minha mesa,
esvazio minhas gavetas,
melhor será jogar tudo no chão
e olhar minunciosamente...
dor de cabeça constante, o corpo inteiro pinica...
Eu sei! Eu sei que me faz mal.
Não precisa me avisar,
mas não posso mais pensar noutra coisa.
Isto se tornou mais urgente
que meu trabalho,
que minha família,
que minha vida!
Lembro que deixei qualquer coisa
ali, naquele armário...
Derrubo tudo, instauro um caos...
Penso em algum amigo,
mas quem me ajudaria a esta hora da madrugada?
Ligo para um que não me contesta...
dorme o filho-da-puta.
Ligo para o segundo, também poeta,
"De baixa"
fala friamente ao telefone,
como se eu fosse o culpado de sua pena.
Não durmo. Não como.
Não consigo me distrair
com o seriado idiota na TV...
Nem posso pensar em ler.
Mas recordo:
Talvez tenha deixado algo cair de mim
lá, na área de serviço.
Corro.
E, desesperadamente, de joelhos,
busco qualquer resto
de palavra em pó
ou qualquer pedaço
de palavra em pedra...
uma sílaba extraviada,
um quarto de palavra,
que eu possa dissolver em minha mente
e transformá-la
em estrada ou mar,
em loucura ou vidência,
em deus ou poema.

Um comentário:

  1. Inacio.
    Significação: ardente
    Excelente adjetivo para um poeta, que ateia o fogo poético na sua lida com a palavra.
    Adorei tudo aqui
    bj

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